A Dobra do Gênero Binário: Processo de Definição do Sexo dos Bebês da Neonatologia de um Hospital Pediátrico e seus Desdobramentos Sociais

O estudo aborda a questão da definição de gênero dos bebês na neonatologia de um hospital pediátrico, focando nos desdobramentos sociais. O autor observou situações de bebês com má formação, sexo indefinido ou genitália ambígua, e como a sociedade, a instituição hospitalar e o Estado lidam com a definição do sexo desses bebês. O autor destaca que a definição de gênero dos bebês na neonatologia é um processo complexo, envolvendo as expectativas das famílias, a abordagem biomédico-legal do hospital e as demandas do Estado para a cidadania. O caso específico de Adélaïde é estudado, considerando sua internação, alta, acompanhamento e desfecho. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e etnográfica, explorando as práticas e significados presentes no contexto da neonatologia. A pesquisa é qualitativa e utiliza um estudo de caso etnográfico para analisar o processo de definição de gênero no caso de Adélaïde, considerando a relação com a família, a instituição hospitalar e os profissionais envolvidos. A observação participante é uma técnica utilizada para compreender as experiências dos participantes. O processo de definição de gênero dos neonatos é central para todas as partes envolvidas, mas também é limitado pelas normas binárias de gênero estabelecidas pela sociedade, instituição hospitalar e Estado. O autor busca identificar os escapes e dobras nessas normas, apontando como o processo de definição de gênero pode ser disruptivo em relação à rigidez do binarismo de gênero. O estudo conclui que o processo de definição de gênero na neonatologia está intrincadamente ligado a normas binárias de gênero, mas os escapes e dobras dessas normas podem ter um potencial distensivo e disruptivo. O caso de Adélaïde é utilizado como um exemplo representativo, evidenciando a complexidade das práticas e significados relacionados à definição de gênero de neonatos em um hospital pediátrico.