Analisando as mudanças nas lógicas econômica, de regime de poder e comunicacional, não é difícil constatar que, na passagem da sociedade moderna para a sociedade contemporânea, as massas dão lugar às redes como modelo prevalente de organização social. De acordo com Freud, os sujeitos que compõem a massa identificam-se entre si em torno da adesão a um líder, e essa identificação canaliza a libido, que dá coesão à massa. O que ocorre nas redes é a tendência à multiplicação de lideranças e de identificações e, portanto, à dispersão dos laços libidinais. No caso dos processos de mobilização política, eles são enormemente facilitados pela articulação em rede, apoiada nas novas tecnologias. Em contrapartida, o caráter fragmentado desses movimentos restringe a eficácia de sua intervenção nos quadros da política institucional. Experiências partidárias recentes, influenciadas pelas reflexões de Laclau e Mouffe, buscam superar as limitações da organização em rede por intermédio de formas flexíveis de unificação, embora estas tampouco estejam imunes a problemas.